Vocação de Jeremias
4.A palavra de Iahweh me foi dirigida nos seguintes termos: 5.Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações. 6.Mas eu disse: “Ah! Senhor Iahweh, eis que eu não sei falar, porque sou ainda uma criança!” 7.Mas Iahweh me disse: Não digas: “Eu sou ainda uma criança!” Porque a quem eu te enviar, irás, e o que eu te ordenar, falarás. 8.Não temas diante deles, porque eu estou contigo para te salvar, oráculo de Iahweh. 9.Então Iahweh estendeu a sua mão e tocou-me a boca. E Iahweh me disse: Eis que ponho as minhas palavras em tua boca.
Jeremias, 1
No plano espiritual, antes mesmo de assumirmos nossa forma humana, trazemos um propósito, uma missão de vida destinada a cada um de nós. Esta missão não é uma escolha arbitrária, mas sim uma expressão de nossas habilidades e de nosso potencial espiritual, alinhados ao bem maior da humanidade. Entre esses propósitos, alguns nascem para atuar como guias religiosos, profetas, curadores, xamãs, yoguis, ou mestres que iluminam o caminho dos demais. Outros, por meio de profissões comuns, contribuem para uma sociedade mais justa e harmoniosa, seja como professores, médicos, líderes comunitários, ou mesmo em profissões menos visíveis mas essenciais.
Cada vocação carrega em si a força de uma escolha espiritual: servir ao próximo e cooperar com o bem-estar coletivo. Aqueles que abraçam essa missão buscam sempre um equilíbrio que transcende o próprio interesse e se volta para o crescimento do todo. Em contrapartida, os que rejeitam este chamado, ignorando a responsabilidade de criar um mundo mais justo e solidário, acabam se afastando de Deus e dos propósitos divinos, vivendo para si mesmos ou para grupos com interesses que alimentam a própria ambição em detrimento do bem comum.
A história de Jeremias nos ensina sobre a importância de aceitar a missão para a qual fomos escolhidos. Na narrativa bíblica, Deus o chama, revelando que, antes mesmo de Jeremias nascer, ele já havia sido conhecido e consagrado para um propósito específico: ser um profeta para as nações. No capítulo I do livro de Jeremias, está escrito:
“Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações.”
Diante desse chamado, Jeremias expressa suas inseguranças, afirmando que não sabe falar e que ainda é uma criança, incapaz de cumprir uma missão de tamanha responsabilidade. No entanto, Deus o encoraja, respondendo com firmeza:
“Não digas: ‘Eu sou ainda uma criança!’ Porque a quem eu te enviar, irás, e o que eu te ordenar, falarás.”
Essa passagem mostra que, ao receber um chamado espiritual, as limitações que percebemos em nós mesmos são dissolvidas pela força do propósito divino. Jeremias, em sua humanidade, se sente frágil e inadequado, mas Deus assegura Sua presença, afirmando:
“Não temas diante deles, porque eu estou contigo para te salvar.”
Ao tocar a boca de Jeremias, Deus simbolicamente lhe concede o dom da palavra, conferindo-lhe autoridade e sabedoria para cumprir sua missão. Esta transformação, que começa com a aceitação do propósito, reflete-se em todos aqueles que, ao longo da vida, descobrem seu verdadeiro chamado. Não é pela força física, mas pela força espiritual que cada um de nós é capacitado a trilhar o caminho que nos foi designado.
Assim como Jeremias foi guiado pela mão de Deus, todos nós recebemos uma orientação espiritual ao nos comprometermos com nossa missão de vida. Ao compreender que viemos para servir a um bem maior, nos tornamos instrumentos de transformação e de equilíbrio, trazendo à sociedade os valores de justiça, compaixão e paz.
Em Síntese
No entanto, há aqueles que vêm ao mundo para cumprir uma segunda chance, carregando consigo o desafio de redimir erros e falhas de existências passadas. Esses indivíduos nascem com um propósito de reequilíbrio, onde cada experiência de dificuldade, cada obstáculo enfrentado, faz parte de uma jornada de redenção e aprendizado. Tal como uma pena a ser cumprida, esses tributos se manifestam em momentos de atribulação, permitindo que, por meio da dor e do esforço, ocorra a transformação necessária para evoluir espiritualmente e alinhar-se ao propósito divino.
Para esses, a vida torna-se um campo de provas onde as circunstâncias desafiadoras os ajudam a superar as sombras do passado, promovendo uma purificação interior. Cada adversidade é uma oportunidade para reescrever antigas falhas, corrigir desequilíbrios, e cultivar virtudes como paciência, humildade e compaixão. Essa missão de reparação não é um castigo, mas um convite divino para um novo começo, uma chance de reconectar-se com o amor divino e com o propósito de servir ao próximo, curando-se a si mesmo enquanto busca melhorar a sociedade ao seu redor.
Assim, ao lado daqueles que nascem para conduzir e iluminar, há também os que, silenciosamente, se dedicam à própria transformação, vivendo em um caminho de aprendizado que beneficia não só a si mesmos, mas a todos que cruzam seu caminho. Em cada uma dessas jornadas — seja ela uma missão de serviço ou de reparação — o verdadeiro propósito é sempre o retorno à comunhão com o divino, onde o ser humano, renovado, contribui para o equilíbrio e o bem-estar universal.